sexta-feira, 30 de abril de 2010

Caçada em Terras da Lunda

Deixamos hoje uma fotografia tirada em 1966, em Terras da Lunda, por altura de uma caçada organizada por amigos para o Pai. Foi-nos enviada pelo primo Adriano Vasco.

Na fotografia em baixo, podemos ver o Pai de frente, e no lado direito está Acácio Barreiros, também já falecido e antigo membro do Governo do Engº António Guterres.

domingo, 25 de abril de 2010

O Nosso Pai (4)

- “… e porque jogar ajuda a gerir a dor” – disseste - e eu…bom, sentado lá no meio de toda aquela gente, senti-me criança perto de ti.

- “…e se houver palavras que queiram entregar-lhe, façam-no e a sua escrita enriquecerá.” – pediste - e eu parti.

Fui na demanda da Palavra, sem saber muito bem por onde.
E a magia (só para quem acredita em fadas…) uma vez mais acontece e mostra-me um caminho inesperado:
- Descobrir o “Ouvidor”.

Palavra a palavra ouvi “a chuva pausada a zurzir naquele tecto de zinco”, provei aquele “pirão grosso, quente, um pouco amargo”, senti o “cheiro dos bichos e dos pássaros e do céu alaranjado”, descobri o mato, os miúdos e o Sécúlo.
Não, não fui de tipóia nem de jipe, mas acabei por percorrer as ”terras do fim do mundo” pela inesperada Mão de um puto do Kimbo, que me mostrou, de dedos lambuzados, como concretizou o desejo de levar África para Casa.

Deixo-te aqui a minha palavra para que sejas tu, a entregá-la, é uma palavra em Umbundo, que o Sécúlo usaria, uma palavra presente na cubata da mamã negra, na banca da cozinha, na pedra lançada às galinhas. Uma palavra que nasceu em África e cresceu, estando presente a cada nascimento de outras palavras, para nelas se entrelaçar e tecer o carácter, o sonho, o destino, o Homem e o Menino.

     - Essandho!    


    - Alegria! 




E o “Ouvidor” escuta…


     


 Autor:Paulo Fontes

O Nosso Pai (3)


O texto que se segue foi por nós lido na Missa de Corpo Presente rezada na Igreja de St. Isabel na manhã do dia 13 de Abril de 2010. Recebemos muitas palavras no final e ao longo de vários dias. Todas diferentes no sentimento que encerram e que dedicámos ao pai. Algumas queremos aqui deixar. Para ficarem para sempre!


"O nosso pai gostava de escrever.
Em minha casa temos o hábito de lidar com os momentos difíceis, jogando.
Porque a escrita se faz de palavras, porque este é um momento difícil e porque jogar ajuda a gerir a dor, hoje jogo com palavras.
Deixei uma com o meu pai há algumas horas. Para que a leve e com ela escreva para sempre.
Com ele ficou a palavra MÃO. A mão com que nos acarinhou, nos segurou e empurrou na vida. A mão com que nos guardará sempre. As mãos com que o seguraremos, eternamente, junto ao coração.

A todos que o conheceram e se houver palavras que queiram entregar-lhe, façam-no e a sua escrita enriquecerá. " 

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Nosso Pai (2)

Em Setembro de 1957, o nosso Pai ofereceu à nossa Mãe um livro de José Lins do Rego, intitulado Fogo Morto, com a seguinte dedicatória:

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Fotos do Último Jantar

Deixamos hoje uma foto do jantar com o Exmo. Sr. El Defensor del Pueblo de Espanha e o Exmo. Sr. Provedor de Justiça de Portugal, no passado dia 09 de Abril de 2010.

As restantes fotos desse jantar podem ser vistas aqui ou no menú lateral.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O Nosso Avô (1)

Por Afonso Câmara, 7 anos, neto nº 6, filho de Paulo e Sofia Câmara.



quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Nosso Pai

(texto lido na missa de corpo presente)

O nosso Pai morreu e é tão impossível não ter hoje, aqui, uma palavra, quanto difícil e estéril é tê-la.
Que palavra? Que podemos dizer-vos do Pai?
O que descobrimos é que a dor é directamente proporcional ao amor que sentimos por ele. Não fosse amá-lo tanto, não sofreriamos tanto. E por isso a palavra que hoje não pode faltar é de gratidão. Profunda. Obrigada Senhor por este Pai, por este homem, por este teu filho. Cheio de convicções, exigente, rígido, firme no caminho que sabia querer seguir. Pai infinitamente terno, sempre intensamente presente em nós, no nosso crescimento, na massa que nos moldou, nos princípios e valores que de forma tão fecunda enraizou em nós. Na família que construiu numa coesão de amor feita pelo exemplo.
O Pai morreu. A vida eterna que Te pedimos para ele, já a teve. Uma vida em cheio, uma vida cheia de liberdade e de felicidade.
Enquanto for recordado, celebrado, homenageado, respeitado e dignificado pela repetição do que foi e do que fez, não morrerá. Passará para outra forma de vivermos com ele. Mas permanecerá. Sempre!
Obrigada Pai!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

MUXIMA

COLONO

A terra que lhe cobriu o rosto
e lhe beijou o último sorriso,
foi ele o primeiro homem que a pisou!

Ele venceu a terra que o venceu.
Ele construiu a casa onde viveu…
Ele desbravou a terra heroicamente,
Sem um temor, sem uma hesitação,

- terra fecunda que lhe deu o pão
e lhe floriu a mesa de tacula…
Mas quando olhava a imagem pequenina
- Senhora da Boa Viagem -,
que a mãe lhe pôs ao peito à hora da partida,
O Homem forte chorava…
Foi arquitecto e foi também pintor,
porque pintou de verde a sua esperança…
Esculpiu na própria alma um sonho enorme,
por isso foi também grande escultor!
foi genial artista e mal sabia ler!

O que aprendeu foi Deus que o ensinou,
lá na floresta virgem, imensa catedral,
onde tantas vezes ajoelhou!
Viveu a vida inteira olhando o céu,
a contar as noites
da lua nova à lua cheia.
E o sol do meio dia lhe queimou a pele,
o corpo todo e até a alma pura.

Foi médico na doença que o matou,
ao homem ignorado e primitivo
que derrubou bravios matagais
e junto deles caiu
como caem árvores sacrificadas
à abundância dos frutos que criaram…

E a primeira mulher que amou e quis
foi sua inteiramente…
E era negra e bela, tal o seu destino!

E ela o acompanhou
como a mais funda raiz
acompanha a flor da altura
que perfuma as mãos cruéis
de quem a arrancou.

…………………………………………………………………….


Foi o primeiro em tudo,
na dor e no Amor,
na honra e na Saudade,
porque nunca mais voltou…
E nas terras de toda a gente
e de ninguém…
- estranha criatura ! –
…foi sua também
a primeira sepultura!

(Poesia de Tomaz Vieira da Cruz)
 
 

NOTAS POLÍTICAS (37)

A situação na Guiné-Bissau continua muito confusa e os curtos esclarecimentos que nos prestam os correspondentes das nossas televisões naquele País de pouco adiantam, porque tocam a espuma, mas não vão ao fundo dos problemas. A verdade é que continua impune o esquartejamento de Nino Vieira e o assassinato de outros, quer no passado mais recente, quer no passado mais longínquo. As Forças Armadas têm-se revelado um factor de instabilidade e não se subordinam ao poder civil democrático. O narcotráfico ganhou espaço e peso naquela nossa ex-colónia.

A Guiné-Bissau merecia um presente melhor. Não entendo o que a CPLP anda a fazer no meio disto tudo, pressupondo que ela serve para as situações graves e não apenas para as cerimónias.

NOTAS POLÍTICAS (36)

Os primeiros passos de Passos Coelho são positivos. Mas a procissão nem sequer entrou ainda no adro. Para além da equipe que apresentará no Congresso que hoje começa e cujo perfil é importante para se descortinar da consistência do comando político, mais decisivo será demonstrar que consegue ter e apresentar ideias credíveis para os problemas do País, desde logo como se sair da crise em que estamos mergulhados. E também que consegue juntar a si gente qualificada que não milite no Partido, mas que se sinta identificado com ele.

Vamos dar tempo ao tempo, porque o País precisa de um PSD novo que não se renegue.

NOTAS POLÍTICAS (35)

Guillermo Fariñas, preso político em Cuba, mas pelo regime cubano considerado eufemísticamente como “delinquente comum”, está há mais de 41 dias em greve de fome e arrisca-se a perder a vida se em nada se alterar a posição oficial das autoridades cubanas.

Ou é distração minha, ou não escutei uma palavra que fosse, no nosso Parlamento, de condenação ou de apelo humanitário, pelo menos.

NOTAS POLÍTICAS (34)

As televisões mostram-nos, repetidamente, as varandas dos edifícios do centro histórico de Valença repletas de bandeiras espanholas desfraldadas ao vento. Conhece-se o porquê desta reacção, mas muitos de nós não aceitamos bem que as gentes de Valença tenham adoptado este tipo de protesto.

Eu também não gosto de ver bandeiras espanholas implantadas em casas portuguesas e desaprovo esta forma de protesto. Mas não posso deixar de dizer que também sinto vergonha quando vejo o Estado Português a obrigar as nossas parturientes de Elvas a recorrerem a Badajoz para que os seus filhos possam nascer mais facilmente, ou – como pode acontecer agora-- a obrigar os nossos doentes de Valença a deslocarem-se a Tui (cidade muito mais pequena do que Valença) para serem tratados depois da meia-noite.

Há uma coisa a que se chama dignidade nacional, ou coesão territorial. Também se poderia chamar-lhe apenas vergonha na cara.

E, depois, ainda têm o descaramento de se ufanarem com o TGV para Madrid…

NOTAS POLÍTICAS (33)

Eu admito que já poucos se incomodam em querer saber se Sócrates ganhou, ou não, alguns dinheiritos com a elaboração dos projectos de casas para amigos, estando em exclusividade como deputado na Assembleia da República. E reconheço que ainda menos se incomodarão em saber se a Câmara Municipal da Guarda, à época dirigida pelo seu correligionário Abílio Curto, formulou advertências ou lhe dirigiu reprimendas por deficiências profissionais cometidas. Já estamos anestesiados e acostumados – até a muito mais…

Agora, o que eu acho verdadeiramente intolerável são aqueles 21 “mamarrachos” que as fotografias dos jornais nos mostram. Os amigos de Sócrates é que deveriam ter direito a receber dinheiro como indemnização por aquelas monstruosidades e o Estado o dever de lhe aplicar coimas por atentados estéticos e por insalubridade urbanística…